segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Pavarotti e Franjinha

Naqueles tempos, passava horas na internet pesquisando sobre animais e o meu encanto pelas aves sempre foi grande. Minha mãe havia herdado um canarinho do casamento com o meu pai mas, como é próprio de canários, o Franjinha não interagia muito. Bem antes, cheguei a ter 2 pássaros. O primeiro realmente me amava. Era um melro, vindo de algum passarinheiro das redondezas do meu sítio. Apesar de uma ótima relação comigo, ele tinha o hábito de começar a piar logo antes do amanhecer e, consequentemente, acordar a família toda. Tentando ignorar minha culpa, deixei-o com o caseiro do sítio, me forçando a pensar que lá ele estaria "respirando ar puro". Tempos depois, adoeceu e morreu. Minha busca por um pássaro não parou por aí. Em um domingo, fui a uma praça na Tijuca e um passarinheiro me ofereceu um "mini-papagaio" que parecia muito manso. Levei-o para casa muito feliz. Porém, com o tempo ele foi se rebelando, me bicava e atacava... não era um pássaro manso, apenas estava assustado no dia da compra. Mesmo assim, resolvi que iria domesticá-lo e até que estávamos nos dando bem... Mas, em um descuido meu, ele saiu voando e conseguiu ir para a rua. Tentamos resgatá-lo, chamamos bombeiro, fui no apartamento do vizinho, cheguei a avistá-lo... mas ele voou. Durante alguns dias, ainda escutei seu assovio, mas depois se calou.
E lá estava eu, rumo a praça da Tijuca novamente. Desta vez tinha pesquisado, iria comprar de um criador. Achei o dito cujo e ele me levou para seu criatório. Entre tantos bebês calopsitas, escolhi uma com a carinha cinza e detalhes brancos. Dei o nome de Pavarotti. Enfim tive um companheiro de asas. Pavinha, para os íntimos, ficava todo feliz quando chegávamos, cantava quando balançávamos um pano perto dele, pedia carinho, imitava as músicas que ensinávamos... Logo cedo ele apresentou problemas renais. Tratamos, fizemos o que podíamos fazer. Depois de alguns anos, troquei a ração dele por uma que possuía maior teor de proteínas. Isso forçou os rins dele. Após um dia de internação, recebi o telefonema. Pavinha havia morrido aos 7 anos de idade. Aquela dor lancinante no peito me inundou. Só o colo da minha mãe conseguiu resolver.

O canário herdado se chamava Franjinha. Poucas vezes vi um ser humano passar por tanta coisa como ele. De cirurgias foram 4. Todas para retirar cistos, tão comuns em canários glosters. Sobreviveu também a um derrame. Pois é, um dia de manhã, eu estava tomando meu café, quando percebo uns estalos vindo da gaiola dele. Temendo o pior, me aproximei e visualizei um passarinho rodando em círculos. Eu não queria acreditar, mas eu sabia que na minha frente estava um canarinho que acabara de sofrer um AVC. Com o diagnóstico confirmado por uma veterinária, ele tomou a medicação e melhorou bastante. Mas 3 anos depois, quando já passava de seus 11 anos de idade, ele se deitou no chão da gaiola com sinais de desidratação. Foi internado e morreu na clínica. Com certeza, foi um canarinho maravilhoso... depois de um tempo se tornou manso, bicava nosso dedo, cantava...

Apesar de toda essa saga, hoje em dia não aconselho ter pássaros como bichos de estimação. Ainda que eu tenha dúvidas quanto ao bem-estar deles quando se trata do convívio próximo aos humanos, bem, na dúvida é melhor deixá-los como no original.

segunda-feira, novembro 15, 2010

A depressão e a loucura

Muitas vezes eu vi na televisão reportagens sobre as chamadas psicopatias, ou melhor, doenças psicológicas... Eu ficava vendo tantas pessoas que pareciam só precisarem acordar para este lado da vida. Aquele sentimento, muito egoísta, é verdade, que o problema do outro é tão pequeno e fácil de ser resolvido, principalmente quando comparado com os seus. E quando a doença está no funcionamento dos neurônios, as coisas ficam mais complicadas ainda, simplesmente porque não se vê. É fácil entender a dor de um muleque com o joelho ralado, mas quando o machucado tá dentro da cachola, aí que o bicho pega.
Eu estava no sétimo período. Começavam as aulas da disciplina mais difícil da faculdade, Anestesiologia e Técnica Cirúrgica. Essa coisa de terror em cima das matérias nunca foi muito creditada por mim, eu sempre acreditei bastante no meu taco e sabia que se eu estudasse eu passaria, assim como sempre foi. Mas não foi bem assim que tudo aconteceu. Os professores gostavam de fazer terror e desestabilizar os alunos. Estudei muito para a primeira prova, mas um assunto deixei de estudar pois não sabia que cairia. E caiu. Caiu como uma jaca na minha cabeça, me arrasando. E o professor, muito bonzinho, botou a questão valendo um zilhão de pontos. O resultado foi um catastrófico 4,5 na primeira nota. Desesperei e, o pior, desestabilizei. A primeira matéria era muito mais fácil que a da segunda prova e eu teria que tirar um 7,5 pra passar. Mas você pode estar pensando: ok, mas tem a prova final uai! O problema é que eu não considero a prova final. Minha auto-cobrança é tão elevada que era o maior dos absurdos fazer uma final, seria mais ou menos minha vida jogada no lixo, o fracasso puro e completo. E aí você começa a desenhar na sua cabeça o que é uma psicopatia. Além disso, se eu não passasse significaria não ficar mais com os meus queridos amigos, atrasar mais um semestre na faculdade, estudar tudo de novo, embolar meus horários... Então comecei a estudar com 1 mês e meio para a prova. Na faculdade os professores faziam seu terror e eu comecei a ter um tipo de desespero diferente. Uma disparada dos batimentos, pouco sono... No dia de buscar a nota levei minha mãe, até para ela me ajudar a brigar por pontos, caso eu não passasse. Mas eu passei com os pontos certinhos e foi um dos maiores alívios que eu já senti.
O que eu não sabia era que eu ia para o oitavo período com uma mega cicatriz, uma lesão super profunda que poderia, a qualquer momento, virar ferida de novo.
Dividi o oitavo e a primeira parte fui bem e tranquilo. Na segunda, eu me encontrei novamente com a cirurgia. Dessa vez eu pisei na bola. Fui para a primeira prova achando que seria fácil e estudei pouco. Tirei 3,5. Este foi o início do inferno. Quando vi a correção, percebi que uma das professoras (eram milhões pra mesma matéria) cobrava as coisas exatamente como estavam escritas na apostila que ela dava. Lógico, tinha que ser, afinal, ela dava aula lendo aquela bosta e nunca saberia formular e muito menos corrigir uma prova inteligente. Eu nunca tive memória boa e a idéia de depender dela para passar já era um terror. Há muito tempo atrás, eu tinha a plena certeza de que se eu desse meus 100% era capaz de conseguir qualquer coisa. Mas nessa matéria eu precisaria decorar, eu dependia do meu ponto fraco. A minha auto-confiança foi pro pé. E tudo foi piorando a medida que o semestre passava e eu tentava estudar. Além do desespero de decorar uma apostila, eu ainda sofria com o nojo absurdo que eu sentia por aquela disciplina sabe. A tal da professora que dava aula lendo era uma anta, burra de verdade, aquela mal-comida que achou nos alunos um jeito de se vingar de toda a vida desprezível que teve. O pior era o arzinho de superior, o jeito esnobe que ela forçava... argh! Estudei muito pra prova, mas desta vez dei mais que 100%. Entrei no desespero, emagreci 5 quilos em 2 semanas, tinha diarréia, não parava de chorar... Na noite anterior a prova, pedi pra minha mãe dormir comigo. Me agarrei nela a noite toda e não parei de tremer. Não dormi. Quando acordei, vomitei, chorei muito... Tirei 8,1. Não tinha recuperado totalmente a nota, mas faltava a última prova. E tudo continuou até que eu pensei "cara, se eu não procurar uma ajuda eu vou morrer!". Foi aí que eu contatei um irmão de uma amiga minha, psiquiatra, que diagnosticou a depressão. Ele me passou tranquilizantes e anti-depressivo. O pai do Patrick também é médico e ajustou a medicação de forma que ele pudesse me fornecer os remédios de graça, por amostra-grátis. E aí comecei a me tratar. Consegui virar o jogo, aos poucos o anti-depressivo foi fazendo efeito e, nossa, me sentia tããããão bem! Esse remédio é bom demais, a sensação que ele causa é ótima... mas pena que é um remédio e não pode ser usado a tôa... mas enfim, com o tratamento, eu baixei minha ansiedade e consegui raciocinar. Criei o método mais bizarro de cola do universo e usei a mesma sacanagem que a professora anta usava, colei a prova inteirinha! Resultado: 9,8. Passei com boa nota e deixei aquela corja pra trás. Não acho que a cola é uma coisa maravilhosa. Mas quando se trata de uma matéria que só cobra decoreba, eu colo mesmo porque eu acho muito fácil pro professor pedir uma lista de coisas que ele botou na apostila. Isso é pura preguiça ou burrice de não conseguir formular perguntas de raciocínio.
Um dia eu gostaria de falar para esses professores sobre o mal que eles me fizeram. Não foi a prova, nem a matéria, mas todo o contexto de terror, de descaso com o que o aluno está sentindo. Cara, e se eu tivesse morrido? Eles carregariam o carma de serem responsáveis por uma morte! Não estou exagerando não, eu sofri muito, passei muito mal, estava emagrecendo aceleradamente... E não terminou aí. Esses eventos deixaram uma marca em mim e até hoje passo mal com prova, só durmo com calmantes... Eu NUNCA fui assim, nunca sofri por causa de prova, muito pelo contrário, eu ficava tranquilíssima enquanto os outros se descabelavam. Essas pessoas me deixaram uma marca, e provavelmente fazem isso com outros alunos.



quinta-feira, outubro 28, 2010

Mais uma vez forças ocultas me trazem de volta ao blog. Há 3 anos não posto e em homenagem à casualidade eu vou escrever!
A idéia de escrever um blog me ocorreu quando eu estava no ônibus. Os blogs se tornaram um sucesso e eu, na minha eterna compulsão empreendedora, imaginei se faria sucesso se realmente me dedicasse a um blog. Tenho tantos perrengues engraçados para contar... eu mesma rio sozinha quando lembro deles.
E aí estava eu fazendo nada na internet quando me lembrei da idéia que tivera. Resolvi fazer uma busca dos hospedeiros e quando digitei blogger.com fui logada diretamente. Sendo uma anta em questão de computadores, eu não faço a menor idéia de como isso aconteceu. Continuando, me deparei, então, com a tela de edição de três blogs, dois dos quais nunca foram adiante. E lá estava meu bloguinho querido, tão esquecidinho... uma lástima. Então, eu olhei pra ele e ele começou a falar "posta em mim, posta em mim!". Não resisti.
E aqui estou eu, lotada de novidades. Seria impossível contar tudo em um post, formaria um livro. Além disso, não conseguiria colocar os detalhes que gosto.
Os próximos posts serão dedicados as coisas que ocorreram nestes 3 anos. Tem muita coisa pra escrever e vou listar os principais assuntos:
  • A depressão e a loucura
  • Pavarotti e Franjinha
  • Amizades
  • Formatura e tomada de decisão
  • Minha mãe
Bom, então nos vemos nas cenas dos próximos capítulos!
Façam o bem. Beijinhos!

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Acho tão legal pessoas que possuem uma identidade... Fico pensando. Eu poderia ter sido uma garota que gosta de bandas como Mundo Livre e ter a cabeça aberta para vários assuntos alucinantes. E também poderia ter sido uma garota pati, com vários conhecimentos sobre moda e dietas. Ou até uma garota roqueira, quem sabe, apaixonada por Iron Maiden. Tanta gente é de um jeito só e eu não me enquadrei. Mas mesmo assim vejo que eu nasci pra isso. Gosto de hip hop, enya e cordel do fogo encantado. Gosto de visitar orfanatos e de passar um tempo no shopping. Tenho milhões de amigos nerds, mauricinhos, rockeiros, hippies e todas essas classes malucas. Gosto de ir ao cinema e à Lapa. Quero seguir silvestres na vet mas tenho medo de tartarugas (sou mongol). Acho que se eu fosse uma só ia ser meio sem graça. Realmente, a minha identidade é indigência.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Não posso evitar, me desculpem. Me contive durante longos minutos antes de postar mas não dá mais. Tenho que fazer isso. Eu simplesmente TENHO!

Bonito não é bonito, é lindo!!!!!

AAAAAhhhhhh, que alívio...

sábado, fevereiro 03, 2007

Os quiosques da praia já ficaram prontos! O mais foda foi a Mangueira que fez dois quiosques! Isquidum-dum-dum!!!

Tô viciaaaada em World of Warcraft! É muito bom ter um vício, fala sério...

Amanhã é dia de ficar arrumando mala e todas as outras coisas pré-viagem-longa. Ainda não caiu a ficha que eu realmente estou indo para um dos poucos paraísos da Terra. Eu e mozão de novo. Como a viagem para Porto Alegre, vamos nos virar sozinhos. Nossa, foi muito bom mesmo.

E o quadro de avisos continua cheio, mais de porcarias do que de outra coisa... Eu sou muito assim mesmo, nunca faço as coisas e aí me enrolo toda.

Hoje eu estava falando com o Patrick sobre onde morar.. Aff. Daqui a pouco eu realmente vou ter que me preocupar com isso, não posso mais ver essa situação como coisa de outro planeta... uuuhh, o planeta dos adultos... hahahahhhaha Mas eu quero realmente ter meu canto, deve ser muito bom mesmo.

Alguém quer um cão mestiço de boxer com weimaraner?

Minha cachorra tá ficando muito velha. Não gosto disso. E meus passarinhos estão namorando!! Muito foda.

Ontem fui no Brasil Mestiço. Coisa boa demais. A galera da uff requebrou toda, ficamos felizes, conhecemos um islandês jornalista que com certeza estava muito mais interessado nas nossas informações sobre o país do que na amizade. Disse que se decepcionou com as praias e que tinha ido numa favela. Que legal hein. Dissemos para ele visitar Arraial do Cabo. Aí não é possível que ele continue não gostando das praias po. E esses passeios pela favela fazem a mesma coisa que a televisão faz, uma vista superficial. E aí eles saem de lá pensando "nossa, como tem gente pobre!". Se fosse um passeio que tivesse como objetivo conhecer realmente a favela, os turistas teriam contato com as pessoas e aí poderiam sair de lá sabendo que aquilo não são só contruções pobres. Não gosto desses passeios, sou contra.

Bem, to indo, só vou atualizar depois da viagem. Façam o bem. Beijinhos.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Tenho muitas coisas no quadro de aviso por fazer. E ainda tenho que mandar o e-mail pro Alexandre.
Vida pós-viajem é bizarra.
O conselho é como água. Vem, pinga, molha, se espalha e depois seca. Mas eu não posso deixar de querer o bem.
E eu quero o bem para todos. Ódio e inveja são coisas quadradas que ficam entaladas e arranham as artérias. Então ame, mas muito mesmo e de verdade. Seus tios, seus avós, seus irmãos, seus cachorros, seus amigos, seu pai e sua mãe. Ame todos e dê-lhes carinho de forma incondicional. Mas também sempre lembre que as companhias não-familiares podem ser escolhidas...
Cuide da sua saúde. Mesmo que impercebível, ela é um dos pilares principais da sua felicidade. Use filtro solar, vá ao dentista, use camisinha, coma legumes, faça exercício. Sua beleza exterior não é o mais importante! Estou falando de um belo pulmão, um belo intestino, um belo coração. Por favor gente, cuidem da saúde de vocês!
Não se estressem. Os momentos críticos da vida tem que ser tratados com atenção mas sem nervosismo. Na verdade é nesses momentos que devemos aprender e stress não combina.
Não sinta vergonha. Todos nós devemos ter limites saudáveis. Mas aqueles que nos distancia de bons momentos não valem a pena e só atrasa nossa vida.
E por último: sorria. Não de modo falso. Não estou dizendo pra sorrir que nem bobo por aí. Sorria de modo natural. Goste das coisas, alegre-se por estar vivo e por ter todas as oportunidades que a vida lhe guardou. Na maioria das vezes a gente não enxerga o quanto nossa vida é boa. Não estou falando de dinheiro. Isso é a última coisa. Muitas vezes uma planta é bem mais bonita que seu quarto decorado pela Lacca.

Esse post é dedicado a tudo que eu aprendi nos últimos tempos. Queria conseguir passar tudo, mas sempre esqueço de algumas coisas. De qualquer forma fica aqui minha intenção de que a vida de todo mundo melhore.